Bebê Reborn, quando a fantasia emocional começa a cobrar a conta
- Roberto Querido

- 22 de mai.
- 3 min de leitura

Bebê reborn e saúde mental: os perigos do vínculo emocional com objetos inanimados
Em um mundo marcado pela solidão, frustrações afetivas e relações cada vez mais líquidas, não é raro que algumas pessoas busquem conforto em vínculos alternativos — inclusive com objetos inanimados. Um exemplo cada vez mais comum é o apego ao bebê reborn, uma boneca realista que imita, em detalhes, um recém-nascido.
Apesar de parecer inofensivo à primeira vista, esse tipo de vínculo emocional pode trazer riscos importantes à saúde mental, especialmente quando se torna um substituto para relações humanas reais.
O que está por trás do apego ao bebê reborn?
Em muitos casos, a pessoa projeta no boneco uma ausência emocional: um luto não elaborado, uma maternidade frustrada, ou um desejo intenso de vínculo. O bebê reborn funciona como um espelho emocional, no qual a pessoa deposita afeto, cuidado, tempo — mas sem receber nada em troca. Essa ausência de reciprocidade, mesmo inconsciente, pode gerar ainda mais frustração, solidão e desequilíbrio psíquico.
Vínculo unilateral: por que o cérebro cobra a conta?
O cérebro humano é uma estrutura social. Ele foi moldado para desenvolver conexões com outros seres humanos, com base na troca emocional, no olhar, na resposta afetiva. Quando essa troca não existe, como é o caso de uma relação com um objeto, o cérebro pode começar a emitir sinais de alerta.
Tristeza recorrente, ansiedade, perda de interesse por relações reais e aumento do isolamento são sinais que indicam que algo não vai bem. A tentativa de preencher vazios emocionais com vínculos fantasiosos pode, na verdade, aprofundar o sofrimento psíquico.
Pessoas com vulnerabilidades emocionais correm mais risco
O uso do bebê reborn não é o problema em si. O ponto de atenção está em como essa relação está sendo construída e qual a função emocional que ela cumpre. Pessoas com histórico de depressão, ansiedade, perdas recentes ou traumas emocionais estão mais vulneráveis a criar vínculos fantasiosos e compensatórios — e, com isso, correr o risco de manter padrões emocionais adoecidos.
Existe tratamento?
Sim. Quando essa relação simbólica se torna uma forma de fuga da realidade ou substituição de vínculos humanos, é importante buscar ajuda especializada. O acompanhamento psiquiátrico pode identificar o que está por trás dessa necessidade e oferecer abordagens terapêuticas eficazes.
Na Clínica Pacífico, utilizamos recursos modernos como a Estimulação Magnética Transcraniana (EMT) e a ETCC (Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua) para casos que envolvem depressão resistente ou quadros de ansiedade crônica. Essas técnicas agem diretamente nas áreas cerebrais responsáveis pela regulação do humor e da cognição, com alta segurança e eficácia.
Além disso, quando indicado, o uso da Cetamina como tratamento psiquiátrico pode ajudar a reverter quadros graves e recuperar a vitalidade emocional do paciente de forma mais rápida, especialmente quando há sofrimento intenso.
Conclusão: o que vem depois do bebê reborn?
Essa é a pergunta que devemos fazer. O que vem depois dessa relação unilateral? O risco está em normalizar um vínculo que, embora traga conforto imediato, pode estar escondendo dores profundas que precisam ser olhadas com seriedade e cuidado profissional.
Cuidar da saúde mental é mais do que aliviar a dor. É reconstruir o sentido da vida com base em relações reais, acolhimento, ciência e escuta ativa.
Se você se identifica com esse tema ou conhece alguém passando por isso, entre em contato conosco. Você não está sozinho.




Comentários